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domingo, 16 de outubro de 2011

Terror da Noite - Parte 2

Durante a viagem de carro para a escola, imaginei como seria a vida se a minha mãe e o meu irmão ainda estivessem vivos, e seria algo assim...

- Mark, tens tudo na mala?

Perguntaria a minha mãe, preocupada por eu ás vezes ser esquecido.

- Sim mãe, tenho os livros, cadernos, estojo, caçadeira para matar o profe...

- Mark!

Antes que pudesse acabar aquela piada mórbida, ela iria concerteza interromper-me pois odiava aquele tipo de coisas.

- Estava a brincar mãe querida.

Era o que eu diria, com um sorriso cheio de afecto que me deixaria bastante enojado, mas que se lixe.

- Esse sorriso doce não te vai salvar sempre meu menino!

Ela dizia sempre isso, mas no entanto caía sempre na mesma "armadilha".

- Claro que não.

Mesmo dizendo isso eu só pensaria "Mark 100, Anita 0".

- Mãe, o Mark consegue sempre dar-te a volta.

- Isso é mentira Thomas!

O meu irmão comentaria o óbvio para ver se a minha mãe reagiria mas ela era bastante orgulhosa para admitir alguma coisa.

- Querida, lamento desiludir-te mas o Thomas tem razão, o Mark consegue mesmo dar-te a volta sempre que quer.

O meu pai tentaria "picá-la" também.

- Estão todos contra mim! Quero ver se fazem o mesmo quando deixar de cozinhar o vosso pequeno-almoço...

Acreditem que ela diria algo assim, ela sabia como nos controlar, apesar de agir como se fosse tontinha.

- NEM PENSES!

Gritariamos todos ao mesmo tempo, afinal os pequenos-almoços feitos pela minha mãe eram a unica coisa que valia a pena acordar, e nenhum de nós iria abdicar disso.

Todas os dias tinhamos momentos assim, um dia com o pai, outro dia com a mãe, e isso mantinha o nosso moral para o dia-a-dia, visto que a minha vida escolar era uma seca tremenda que eu não podia fugir. Era uma familia típica, com a mãe que se preocupava e cuidava de nós, o pai que trabalhava para nos sustentar e ensinava a ser responsáveis. o irmão mais velho que andava á bulha comigo mas que me adorava secretamente, e eu, o filho mais novo que os lembrava a todos o seu lado infantil e brincalhão. Depois do desaparecimento da minha mãe e do meu irmão, eu perdi o meu lado infantil e o meu pai a motivação, mas sempre foi forte e comprometido a educar-me e a ter esperança, mesmo que ele já a tivesse perdido.

Ao acordar da minha pequena fantasia, reparei que tinha acabado de chegar á escola. Ao olhar para a janela vi algo que me provocou um arrepio na espinha. Era o grupo de rufias que espancava e roubava quem quer que fosse por tudo e por nada, miudos descontrolados que precisam de apanhar uma bela sova e um castigo bem lixado para perceberem a dor que causam aos outros, mas não, não sou eu que lhes dou essa tareia, infelizmente para mim eu tenho demasiado medo deles para fazer alguma coisa, mas felizmente para eles, isso faz com que façam
o que quiserem comigo sem eu retaliar...

Saí do carro, receoso do meu encontro com eles, tentei passar despercebido mas não demorou muito até engolir um seco e ouvir algo que não queria mesmo nada ouvir.

- Então Mark, não cumprimentas os teus amigos?

Perguntou o rapaz com a voz grossa parecida com um grunhido de um gorila.

- Pois... Olá Duncan, tudo bem?

Duncan é o "membro menor" do grupo dos dois rufias da escola, sendo menor uma piada porque ele é um brutamontes alto, cabelo rapado castanho escuro e cara de quem sente prazer com o medo que causa ás pessoas. O outro membro é o lider do grupo, uma rapariga chamada Laura, de olhos verdes lindos, cabelos loiros lisos e longos, e um sorriso de prazer igual ao seu parceiro de "crime".

- Então e eu bonitão, não tenho direito?

"Bonitão", nunca percebi porquê que ela me chamava isso, seria para gozar comigo? Ou porque tinha um gosto especial por rapazes ruivos? Seja como for, era irritante porque a dúvida remoia a minha cabeça e deixava-me irritado, e aposto que esse é o plano dela.

- Olá Laura, tudo bem?

- Não bonitão, a minha mãe esquece-se de me fazer o almoço e quando chegar a hora eu vou ficar com fome, o que me deixa triste.

Ai ai, a técnica rasca do "sou uma rapariga indefesa com um problema", que nem seria mau se ela não estivesse a mentir e isto não fosse um "assalto".

- Bem, eu hoje trouxe uma tosta mista extra portanto posso ajudar-te com o teu problema.

Pudera, se eu dissesse que não tinha nada para comer o Duncan revistava-me, se eu dissesse que não podia dar a tosta o Duncan roubava-ma portanto estava de "mãos atadas" nesta situação.

- Obrigada bonitão, ainda bem que posso contar contigo, és o meu principe encantado!

- Sempre ás ordens...

A minha sorte é que sou esperto e trago sempre comida extra porcausa destes dois, senão passava fome como montes dos miudos que são vitimas deles.

Depois deste momento triste da minha vida, tocou a campainha da escola e eles foram-se embora para as suas aulas, que para minha sorte não eram comigo. Comecei a caminhar em direcção ao edifício principal pra ir buscar o meu uniforme. O edificio tinha forma de igreja e tem uma história macabra, que provavelmente vocês não querem saber mas eu conto na mesma. (Aposto que já estão fartos que eu faça isto, mas como eu não quero saber disso, paciência. E também, se não contar estas coisas vocês não podem puxar da imaginação ou abusam dela, e depois se fizerem um filme sobre a minha história, posso acabar a estudar numa escola que parece uma nave espacial, o que seria uma treta... Pronto, talvez até fosse fixe... Está bem, está bem! Seria espectacular!)

À 50 anos atrás, um homem chamado Leonard construiu uma igreja porque tinha medo de Deus e não queria enfrentar a ira Dele quando morresse, então pensou que essa construção era uma boa oferta e amostra da sua devoção. A igreja foi frequentada pela aldeia toda até que um dia Leonard, completamente louco, provoca um incêndio e a igreja arde completamente. Ao perguntarem a razão que levou Leonard a agir daquela maneira, ele respondeu que tinha demasiado medo de Deus e que não queria passar a eternidade no seu reino, preferindo um bilhete de ida para o Inferno. A igreja ficou abandonada durante 35 anos até um homem chamado Olin ter comprado o edificio e transformou-o numa escola, a escola secundária de Saint Venestrus, o santo que dizem nos proteger do "medo que a todos nos atormenta e conduz ao desespero".

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