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domingo, 16 de outubro de 2011

Terror da Noite - Parte 1

Um raio de sol trespaça a minha janela e atinge o meu rosto pálido, devido á noite mal passada por não ter conseguido dormir práticamente nada.

- Raios...

Digo eu num tom desagradável ao ser acordado por uma luz que não convidei para o meu quarto.
Neste momento devem estar a perguntar-se quem sou eu, e mesmo que não estejam, apresento-me. O meu nome é Mark, sim Mark, um nome comum que não desperta interesse. Há dias que desejava que eu tivesse um nome diferente, como aqueles herois dos filmes, tipo Cyrus, Arthur, Geldarth. ou até Reuben. Tenho 15 anos de idade e estudo na escola de magia de... Oh. quem estou eu a enganar, estudo numa escola secundária ranhosa chamada Saint Venestrus.

Hoje por acaso apanharam-me num dia de treta, o primeiro dia do segundo periodo. É aquele dia que nos lembramos que já estamos mais ou menos integrados na escola, mas as férias deixaram-nos moles e sem vontade para voltar, afinal ainda estamos a meio do ano lectivo, e no meu caso, já estou farto disto tudo.

Devem ter reparado que não sou a pessoa mais alegre, mas tenho razões para isso, e vão descobrir o porquê daqui a...

... Cinco

... Quatro

... Três

... Dois

... Um

... e...

- MARK! SAI JÁ DA CAMA OU SENÃO CHEGAS TARDE!

Este grito ensurdecedor foi solto pelo meu "querido" pai, que me "ama" e me quer ver super "feliz". Ah sim, também sou muito sarcástico. A verdade é que o meu pai odeia que eu seja como sou, calmo, medricas, sem qualquer tipo de ambição a não ser sobreviver neste mundo estupido e cheio de macacos com a mania que são a "evolução". Ele gostaria que eu fosse como os rapazes populares da escola, sempre agarrado a raparigas, sociável e com dificuldades na vida para ele me ajudar, ocasionalmente levando-me para ir pescar com ele, coisa que eu detesto já agora.

- Já vou! Estou só a vestir-me!

Agarrei na primeira coisa que tinha á mão, a minha camisola preta favorita com um desenho de um coração vermelho quebrado em vários pedaços, sendo a minha mensagem ao mundo, "eu estou na fossa.", e ganho pontos porque esta camisola irrita profundamente o meu caro progenitor. Depois de vestir as calças e calçar os meus ténis, saí do meu quarto e desci as escadas em direcção á cozinha para ir ao encontro do momento desconfortável e embaraçoso a que as pessoas chamam "pequeno-almoço". Sentei-me na mesa e não demorou muito até ao meu velho espreitar por cima do jornal e dizer o seu comentário ofensivo a que eu chamo de "café para despertar".

- Parece que vais ao funeral de uma banda de rock, o caixão combina com os teus sapatos?

- Hahaha pai, as tuas piadas são tão deliciosas como este pão sem nada, é um sabor que não consigo descrever... talvez porque não saiba a nada.

Sim, talvez não tenha sido a resposta mais elaborada, mas tenho que admitir, o velho irrita-me profundamente, e só gostava de poder enfiar-lhe o pão na cara e ir-me embora sem que nada tivesse acontecido, mas a minha sorte nunca foi lá grande coisa.

Depois de acabar de comer o pão e beber o copo de leite morno que tinha á frente, levantei-me da mesa e saí de casa, esperando pelo meu pai ao pé do carro, visto que ele demora sempre um bom bocado porque ainda vai procurar as chaves, vestir o casaco, certificar-se que não deixou papeis importantes do trabalho no quarto e mais outras coisas que eu não me dou ao trabalho de mencionar porque são enfadonhas e nada importantes.

- Enfim, ele só me faz levantar cedo da cama porcausa disto...

Comento eu, irritado porque todos os dias é sempre a mesma coisa, e já farta, mas eu não moro exactamente perto da minha escola, mas sim no outro lado da cidade que é onde ficam as casas baratas para familias grandes. Neste momento pensaram "familias grandes? Mas é só ele e o pai!", e mesmo se não pensaram, eu explico. No ano passado, A caminho da feira de Malonia, que é a cidade onde vivo, um dos pneus do carros do meu pai furou e ficámos encalhados no meio da estrada, eu, ele, a minha mãe e o meu irmão mais velho. Enquanto esperávamos por alguem que nos ajudasse a mudar o pneu, pois o meu pai tem problemas nas costas e não pode fazer esforços, quanto mais agachado, e o meu irmão mais velho não era assim tão forte para ajudar, então esperámos que alguma alma caridosa parasse o seu carro e nos desse uma mãozinha, até porque estava um frio horrivel e eu queria ir para a feira. No entanto, ninguem apareceu, e continuámos á espera, e á espera... e á espera...

Até que acordámos...

Sim, acordámos, eu e o meu pai, na nossa casa, nas nossas camas, sem saber como chegámos lá nem o que aconteceu sequer. Ao levantar-me corri para o quarto dele e da miha mãe, mas só lá estava ele, acabado de acordar e com uma cara horrivel. Depois corremos ambos sem trocar uma palavra para o quarto do meu irmão e também não estáva lá, descemos as escadas e nem na cozinha, nem na sala se encontravam.

- Thomas? Anita? Onde estão?

Gritou o meu pai horrorizado quando começou a assimilara ideia que eles tinham desaparecido e começou a chorar desesperado. Continuamos á procura deles, dia e noite, questionando-nos sempre a nós mesmos o que teria acontecido, se estariam bem, se foram raptados, ou até se estariam vivos, mas nada, ninguem os viu, ninguem sabia deles. Eventualmente a polícia desistiu, as pessoas da cidade desistiram, e eventualmente tanto eu como o meu pai, desistimos. A partir daí, ele tem medo que eu seja como sou por estar sempre sozinho, e que desapareça como eles, e eu, tenho medo de desaparecer, ou que o meu pai desapareça, mesmo com os comentários ao pequeno-almoço e as criticas, ambos sabemos que só nos temos um ao outro, e que sem isso acabou-se, porque a esperança já não existe, e não conseguimos avançar.

- Ainda não acordaste ó escuridão da noite?

Diz o meu pai ao olhar para mim e reparar que "estou na lua", perdido nos meus pensamentos.

- Já senhor pontualidade, e demorei menos tempo a acordar que tu a preparar-te. para sair.

Trocei dele porque já estava a ficar preocupado com as horas.

Entrámos ambos no carro, ele dá a volta á chave e o motor faz o seu barulho distinto de carro velho que ainda funciona, mais por magia que outra coisa, e lá vamos nós rumo a mais um dia da nossa vida, nunca pensando ambos que este dia seria diferente dos outros seja de que maneira fosse.

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